quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sem cabrestos...

Eu realmente não quero que isso soe como uma resposta ao texto do Ricardo Gondim. Não tenho intenção nem bagagem, nem direitos sobre seus pensamentos. É apenas uma reflexão sobre o que li no Pavablog. Só estou escrevendo aqui por não haver limites de caracteres e para deixar à vontade aqueles que quiserem ou não quiserem ler.
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Como é possível concordar e discordar de uma pessoa ao mesmo tempo? É o que me ocorre nesse texto.
Mas acho que no final, ele tá certo quando não devemos nos 'encabrestar', inclusive com suas próprias palavras, com seu 'gondinejar' (sei que não foi o próprio quem cunhou o termo).

Eu prefiro não ter a obrigação de concordar com tudo o que os 'doutores da Palavra' transmitem, sem um exame e reflexão prévios - como Gondim propõe - ainda que eu acabe redondamente enganado.
Também prefiro não me humanizar demais, contrariando sua proposta de 'contribuir com nossa humanização', e explico meu motivo:

Humanos todos somos, e temos que ter consciência extrema disso. Falhamos, voltamos naquilo que dizemos e defendemos, nos iramos, queremos o que não é nosso e outras coisas mais. Mas acima de tudo, pensamos! Qualquer alteração forçada em nossa humanidade nos leva a aberrações e no final, à loucura, como muitos crentes encabrestados ficam depois de algumas decepções eclesiásticas.
Tudo de bom e de ruim que temos em nossa sociedade hoje é fruto desta natureza humana, estejamos conscientes disso ou não. Há coisas maravilhosas, como o livre pensar, mas há coisas grotescas, como a corrupção obrigatória, compulsiva e generalizada em nosso país (não somente os políticos são os culpados).

E sinceramente, estou cheio de nossa humanidade, mas estou preso a ela, e sei disso. O joio e o trigo em cada um de nós estão plantados juntos, e só serão removidos juntos, no dia final.
Nossa humanidade só nos leva aonde estamos hoje, neste estado psicótico de trabalho para ganhar dinheiro, tanto dinheiro, até não precisarmos mais trabalhar (?!) - sábios são os índios. Mas sei que sou igual a todo mundo, que não sou um super-humano, acima da cadeia alimentar. Ora, onde acerto, outros erram e onde erro, outros acertam.
Nossa humanidade tem nos levado a inúmeras batalhas sobre quem entendeu um milésimo mais do que o outro sobre um Deus acima de todo o entendimento humano. Faz sentido isso? Não, mas é assim que somos.
Tentamos ir dia após dia além do que aquilo que Ele mesmo revelou e revela sobre Si, como se o que já está revelado não fosse suficiente. Inventamos teologias, meios e métodos antes que Ele nos revele Seu propósito, e quando é revelado, tentamos moldar àquilo que sentenciamos anteriormente, só para não perdermos afirmação, para não precisarmos retroceder em nossas palavras e ações.

Somos assim, todos. Não nego isso. Mas também não me conformo!

Assumo minha humanidade para compreender o próximo, sem exigir dele mais do que é possível ser.
Assumo minha humanidade para conseguir andar de mãos dadas com quem quiser andar comigo, mesmo com diferenças sutis e gritantes.

Não me conformo com minha humanidade porque sei que meu destino não é ser mais humano, e sim ser mais separado desse sistema horroroso que nossa humanidade alimenta.
Não me conformo com minha humanidade porque ela não me leva além do que onde já estou, e onde estou é longe do lugar onde quero estar.


E antes que alguém diga que me contradigo, sei que não poderei alterar um milímetro de minha humanidade. Mas posso entregá-la ao domínio de Deus, para que Ele próprio a molde, ou pelo menos me ensine como ser um humano diferente. Se é para sermos parecidos com Jesus, que sejamos, mas nossa humanidade inata não nos levará a isso sem a intervenção ou o conselho divino, pois nosso coração cogita exatamente o contrário e, tenta, a todo custo, nos 'encabrestar'. Não quero passar a vida errando, com a desculpa, ou melhor, com o cabresto do 'sou humano, também erro'. Quero acertar mais. Quero pensar e agir fora da caixa, inclusive desse caixão caiado chamado humanidade. Não sei se conseguirei sempre, pois a carne milita contra o espírito também sempre, mas quero, e esse sou eu.

Concordo com Gondim quando temos que pensar sem cabrestos, quando precisamos nós mesmos examinar o que é dito em comparação com o que Deus deseja. O que ele escrever sobre isso - e sei que é exímio escritor - repito, transmito, retuíto, compartilho.

E se alguém percebeu, o motivo do meu texto, é apenas uma das últimas frases do texto referido: "Meu único desejo é contribuir com nossa humanização."
É somente sobre isso que discordo e ainda assim, somente se eu não tiver compreendido muito mal sua afirmação, o que não torna meu texto uma resposta, mas apenas uma reflexão.

E que Deus ajude a todos nós!

Soli Deo Gloria