As pessoas tratam a privacidade como se fosse a última descoberta do século.O assunto era sobre o individualismo e como a sociedade está doente também por causa disso.
Pensando direito, vivemos de tolices. Explico:
- Queremos solidariedade, mas ninguém mexa no que é meu.
- Reclamamos do trânsito, mas não damos carona. E nem temos coragem de pedir: o que vão pensar de mim?
- Lamentamos a fome no mundo mas, por favor, "alguém" ajude essas pessoas.
- Cada um na sua e a amizade continua. (?!)
- Somos fechados, ausentes e cheios de segredos em casa; e queremos que nossos filhos e familiares sejam abertos conosco. (?!)
Desejamos um mundo solidário e cooperativo, mas fazemos o trabalho inverso em nossas próprias vidas, tornando-as universos paralelos, acessíveis apenas aos dignos de aceitação. E o pior: os de personalidade fraca embarcam nessa onda de privacidade e, fracos como são, dificilmente são aceitos, tornam-se pessoas ainda mais tristes e amarguradas, criam seus universos paralelos dramáticos e doentes.
Até crianças de colo estão sendo incentivadas a possuir uma privacidade que nem elas mesmas podem gerenciar.
A privacidade como vemos hoje é um absurdo. Aliás, quase todos os nossos conceitos sociais estão extremados.
- Ou a clausura, ou a exposição excessiva.
- Se não sou rico, sou um miserável.
- Se tive que abrir a porta da minha casa por 1 ou 2 horas a outra pessoa, acabou-se o meu dia, acabou-se a minha privacidade.
- Se você não concorda comigo hoje, nem vou perder meu tempo dialogando com você amanhã - você não vai mudar.
- Perguntar "Como vai?" e esperar a resposta, ofende. Não é da sua conta.
E no final, é tudo tolice. Na hora da catástrofe, precisamos de ajuda, não importa de quem.
Ou quando a casa é destruída pela enchente, "alguém me dê um teto" - não precisa ser conhecido.
Na verdade, nem ajuda sabemos receber. Constrange. Humilha.
Como assim? Humilhado por ter sido ajudado a sair do buraco? Sim. Isso é problema particular.
Então faltou a "solução particular". A "solução comunitária" rebaixa, né?! Só somos bons se somos sós. #not
É. Estamos loucos, cada um no seu "mundinho". E achando que os loucos são os outros.